Mediação em Conflito Escolar


O conflito se origina da diferença de interesses, de desejo, de aspirações e a falta de comunicação e condições para manter um diálogo. Vivemos em uma sociedade onde temos conflitos diários desde nossa infância, passamos por conflitos pessoais na adolescência, conflitos intrapessoais e conflitos interpessoal. Devido a área escolar englobar diferentes grupos de alunos e professores, com diferentes vivências, expectativas, sonhos, culturas, hábitos, etc., acaba resultando em conflitos, pois há interesses e opiniões diferentes, que as vezes acaba gerando manifestação de violência, e as escolas acabam permanecendo com o mesmo tipo de sistema não se adaptando aos variados tipos de alunos e professores. As escolas estão acostumadas a lidar com um tipo padrão de aluno, ela apresenta uma regra e quer que todos os alunos se enquadrem automaticamente nesse padrão. (CHRISPINO, 2007)

Segundo Martinez Zampa (2005, p. 31-32), os conflitos podem ser caracterizados:

         Entre docentes, por: falta de comunicação; interesses pessoais; questões de poder; conflitos anteriores; valores diferentes; busca de “pontuação” (posição de destaque); conceito anual entre docentes; não-indicação para cargos de ascensão hierárquica; divergência em posições políticas ou ideológicas.

         Entre alunos e docentes, por:  não entender o que explicam; notas arbitrárias; divergência sobre critério de avaliação; avaliação inadequada (na visão do aluno); discriminação; falta de material didático; não serem ouvidos (tanto alunos quanto docentes); desinteresse pela matéria de estudo.

         Entre alunos, por: mal-entendidos; brigas; rivalidade entre grupos; discriminação; bullying; uso de espaços e bens; namoro; assédio sexual; perda ou dano de bens escolares; eleições (de variadas espécies); viagens e festas.

         Entre pais, docentes e gestores, por: agressões ocorridas entre alunos e entre os professores; perda de material de trabalho; associação de pais e amigos; cantina escolar ou similar; falta ao serviço pelos professores; falta de assistência pedagógica pelos professores; critérios de avaliação, aprovação e reprovação; uso de uniforme escolar; não-atendimento a requisitos “burocráticos” e administrativos da gestão. 

Professores e alunos dão valores diferentes as mesmas ações e reagem diferentemente aos mesmos atos, e isso acaba gerando o que chamamos de conflito escolar. Portanto, devido a variação de pessoas que se englobam nas escolas ela acaba se tornando palco de conflitos.  E se os conflitos são inevitáveis, precisamos aprender o ofício da mediação de conflito e aplicá-lo, para intervir entre os jovens e os professores, procurando uma alternativa e um meio de solucionar o problema de modo que seja mutualmente aceitável. (CHRISPINO, 2007)

É importante que haja a introdução da mediação nas escolas, mas para isso as escolas têm que aceitar o fato de que existem conflitos em seu âmbito, e que eles devem ser superados, há fim de que a escola cumpra com suas reais finalidades.

Existe dois tipos de escolas: 
1.    Aquela que reconhece a existência do conflito e o transforma em oportunidade, onde valorizam o conflito e acaba trabalhando com essa realidade

2.    Aquela que nega o fato da existência de um conflito, e tem que lidar com a manifestação violenta que acaba gerando.

Pensar na introdução da mediação de conflito no currículo escolar seria uma oportunidade para verbalizar a questão e tonar claro o que se espera dos jovens no conjunto de comportamentos sociais. (CHRISPINO, 2007)

Kmitta (1999, p. 293) ensaia um estudo de resultados quantitativos a partir de alguns programas de mediação escolar nos Estados Unidos.

Resumo de estudos que documentam mediações e porcentagens de êxito: 

NOME
ANO DO ESTUDO
ESTADO
Nº DE MEDIAÇÕES
ÊXITO (%)
Kmitta e Berlowitz
1993/95
Ohio
256
82,2%
Model School
1993/94
Georgia
126
126 96,8 %
Jones e Carlin
1992/94
Pennsylvania
367
90,0%
Judge
1989/90
Ohio
125
100%
Hamlin
1993/94
Illinois
47
94,0%
Hart
1993/94
Indiana
350
97,0%



A mediação é um meio de orientar as pessoas em relação ao seu comportamento social. A mediação trás novas formas de cooperação e confiança, para que podemos ser mais maduros ao se resolver um conflito, seja, ele pessoal ou em grupo.





Referências

CHRISPINO, Álvaro. Gestão do conflito escolar: da classificação dos conflitos aos modelos de mediação. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.15, n.54, p. 11-28, jan./mar. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v15n54/a02v1554

MARTINEZ ZAMPA, D. Mediación educativa y resolucion de conflictos: modelos de implementacion. Buenos Aires: Edicones Novedades Educativas, 2005.

KMITTA, D. Pasado y futuro de la evaluación e los programas de resolución de conflitos escolares. In: BRADONI, F. (Comp.). Mediación escolar. Buenos Aires: Paidos, 1999.

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